segunda-feira, 25 de dezembro de 2017


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O legado da Reforma

Em 2017 comemoramos os 500 anos da Reforma Protestante. Em 31 de outubro de 1517, na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, Alemanha, Martinho Lutero afixou as 95 teses contra os abusos na venda de indulgências pela igreja, se tornando o mais festejado reformador - o herói da Reforma. Sua batalha e a dos outros reformadores não foram, especificamente, pelo resgate da bíblia, mas pelo resgate do verdadeiro evangelho. A igreja medieval havia perdido a mensagem do evangelho da graça de Deus, deixando de proclamar e ensinar o evangelho dos apóstolos. “Um reformador da igreja não é alguém que descobre a Bíblia, mas alguém que, curiosamente, descobre o evangelho esquecido em igrejas repletas de Bíblias”. A igreja vai precisar de reforma toda vez que se afastar do verdadeiro evangelho. Lutero queria libertar o evangelho dos grilhões do esquecimento nos porões da igreja medieval. Era como se o evangelho fosse como um leão preso em uma jaula. A tarefa do reformador não consistia em caçar outro leão, mas em abrir a jaula para que o leão saísse e fizesse o que deveria fazer. Lutero disse: “Simplesmente ensinei, preguei e escrevi a Palavra de Deus [...] Eu não fiz nada; a Palavra fez tudo”. O abuso na venda das indulgências por parte da igreja estava evidente a todos. Segundo a igreja, as indulgências visavam resgatar as penitências impostas por causa dos pecados cometidos pelos fiéis e, também, remir suas almas no purgatório acelerando sua ida para o céu. A venda de indulgência significava venda de perdão pela igreja, e quem comprava obtinha perdão. Na Alemanha uma indulgência custava 1 florim para o artesão e 25 florins para reis, príncipes ou bispos. O bispo Johann Tetzel foi o mais notável pregador vendedor de indulgências, seu conhecido bordão dizia “Assim que a moeda na caixa tilintar, a alma do purgatório irá saltar”. Lutero, em uma das 95 teses, contestou esse bordão dizendo “É certo que, no momento em que a moeda na caixa tilintar, o lucro e a cobiça podem aumentar; a intercessão da igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus”. A supremacia da igreja medieval, os abusos na venda de indulgências, a exploração sem medida, a destinação da venda para a construção da Basílica de São Pedro, os pecados sexuais do alto clero e outros desvios, levaram à Reforma Protestante. Deus instrumentalizou Lutero para esse propósito.
Hoje vivemos um tempo semelhante a essa época obscura da igreja medieval: comercialização da fé, mercantilização do evangelho, da bíblia e dos valores cristãos. E mesmo com a maciça distribuição de Bíblias, inclusive digitais, ainda percebemos interesses mercadológicos e não evangelísticos. São Paulo apóstolo, em seu tempo, advertiu aos gálatas por práticas incompatíveis com o verdadeiro evangelho: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho” (Gálatas 1:6).
A Reforma iniciada por Martinho Lutero teve continuidade através de outros reformadores, arrastando-se por muitas décadas e deixou um grande legado para toda a igreja, sistematizado em cinco princípios básicos conhecidos como “os solae”: Sola Fide, Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Gratia e SoliDeo Gloria. A palavra latina sola quer dizer somente, apenas.

Sola Fide – Somente a fé

Somos salvos pela fé em Jesus Cristo. “Porque pela graça sois salvos, mediante a ; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Efésios 2:8)“Amados, quando empregava toda diligência, em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes diligentemente pela que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 3)“Olhando firmemente para o autor e consumador da , Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hebreus 12:2).

Sola Scriptura – Somente as escrituras

Somente a Bíblia é nossa maior autoridade.
“Toda escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (II Timóteo 3:16). Para Lutero as Escrituras se sobrepunham à tradição “A única obra e única prática dos cristãos deveria consistir no seguinte: gravar em seu ser a Palavra e Cristo, exercitar-se e fortalecer-se sem cessar nesta fé”. Lutero considerava o evangelho um cânon (1) dentro do cânon.

Solus Christus – Somente Cristo

Somente Jesus Cristo é nosso Senhor, Salvador e Rei.
“...Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Apocalipse 19:16)“Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mateus 1:21).
Jesus é o centro das Escrituras. Lutero afirmou “Entrega-te a ele com fé inquebrantável e confia nele plenamente, por essa fé te serão perdoados todos os pecados, serás salvo de tua perdição, serás justo, sincero, cheio de paz, reto e cumpridor de todos os mandamentos”.

Sola Gratia – Somente a graça

Somos salvos somente pela graça. A graça de Deus é quando Ele nos dá o que não merecemos. Graça é muito mais que favor imerecido, é um mistério que vamos entender claramente na eternidade. “E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos” (Efésios 2:5).

Soli Deo Gloria – A gloria seja somente de Deus

Nós vivemos para a glória de Deus. A tradição luterana da Reforma se refere aos “solae” como sendo quatro, mas a tradição reformada acrescentou um quinto, que é o “soli Deo gloria”. Diz a bíblia “A fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo” (Efésios 1:12).

A Deus toda a glória!



JSF

1 - Conjunto dos livros que formam a Bíblia.

Citações da Bíblia Tradução de Almeida Revista e Atualizada no Brasil - SBB.



sexta-feira, 15 de dezembro de 2017


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Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6)



Crise tem sido uma das palavras mais pronunciadas. Entretanto, desde os primórdios da humanidade sempre houve crise; a diferença é que hoje essa crise é propalada intensivamente pela mídia e pelas redes sociais assumindo proporções muito maiores do que realmente é, causando decepção, desalento, desespero e outros tantos sentimentos ruins.  
O homem está em crise desde sua queda e rompimento com o Criador, quer admita isso ou não. E enquanto não voltar a se relacionar com seu Criador, todo esforço que fizer na busca de uma existência melhor será inútil. Sua descrença, finitude, relutância em admitir-se pecador, autossuficiência e arbitrariedade insensata o afastam cada vez mais da sua única salvação - o retorno à comunhão com Deus.
Sete séculos antes do nascimento de Jesus Cristo, Isaías profetizou a seu respeito dizendo: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6)
“Um menino nos nasceu” – a humanidade de Jesus;
“Um filho se nos deu” – a divindade desse Jesus;
“O governo está sobre os seus ombros” – É o Messias, o Cristo, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores;
“E o seu nome será Maravilhoso” – Sem qualquer comparação;
“Conselheiro” – Digno de ser ouvido;
“Deus Forte” – O único Deus verdadeiro e poderoso;
“Pai da Eternidade” – É eterno e é também o único que concede o dom da vida eterna;
“...Príncipe da Paz...” – Paz com Deus e com todos os homens.
Jesus Cristo nasceu para reatar o relacionamento do homem com Deus. Este é o verdadeiro sentido do Natal. Ele é Deus, Senhor e Salvador de todo aquele que nele crer.  
Receba-O e desfrute o verdadeiro Natal.
A Deus toda a glória!

JSF

sábado, 4 de novembro de 2017


A ESCOLHA DA BOA PARTE

No evangelho que escreveu Lucas, o médico amado (1), lemos uma das mais belas narrativas protagonizadas por Jesus Cristo, quando este hospedou-se na casa onde moravam Marta e seus irmãos Lázaro e Maria “Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos. Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tivesse deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada” (Lucas 10:38-40).

Referindo-se à expressão espada de dois gumes citada no livro de Hebreus 4:12, o pastor Geziel Gomes (2) esclarece que a mesma refere-se às duas partes de uma verdade: a verdade original ou explícita e a verdade derivada ou implícita; não se tratando, portanto, de uma verdade absoluta e outra verdade relativa, mas de duas possibilidades de entendermos a Bíblia, seja através de uma interpretação com exame literal de um texto dentro do seu contexto – verdade explícita, ou de uma aplicação de um texto desprendido do seu contexto – verdade implícita.

Nas palavras de Jesus dirigidas a Marta “Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada” (verso 42), há uma verdade implícita - as partes que serão tiradas de todos nós, como o foram também das interlocutoras do Senhor Jesus nesta narrativa, Marta e Maria. Que partes são estas? Vejamos cada uma:

OS BENS MATERIAIS

Tudo que possuímos ou ajuntamos, enfim, todo o fruto advindo do nosso trabalho nos será tirado quando morrermos. No livro de Jó (3) lemos sua triste história quando num único dia lhe foram tirados todos os seus bens, empregados e filhos – uma tragédia, mesmo assim Jó bendisse ao Senhor Deus “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1:21) E, também, o escritor do livro de Eclesiastes a respeito do homem diz “Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar consigo” (Eclesiastes 5:15).

OS BENS IMATERIAIS

Todo conhecimento adquirido, experiências e cultura, nada disso levaremos. O sábio rei Salomão concluiu que sua sabedoria, seus prazeres, seu trabalho e sua experiência foram inúteis “tudo foi inútil, foi correr atrás do vento” (4) A Bíblia diz “No além para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma” (Eclesiastes 9:10). Tudo cessa quando se chega ao sheol, ou além, lugar dos mortos (5).  

A VIDA

Lemos na Bíblia que “a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4) e, também, que “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Quer vivamos dez ou cem anos, vamos morrer. Matusalém viveu 969 anos e morreu (6). Para Deus um dia é como mil anos e mil anos como um dia (7). Podemos afirmar que no cronômetro de Deus, até hoje, nenhum ser humano viveu vinte e quatro horas. “Os dias da nossa vida sobem a setenta anos, ou, em havendo vigor, a oitenta: neste caso o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo passa rapidamente, e nós voamos” (Salmo 90:10).  

A TERRA ONDE VIVEMOS

Deus deu a Terra para os seres humanos “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra deu-a ele aos filhos dos homens” (Salmo 115:16), mas Deus continua sendo o seu dono “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Salmo 24:1).  Jesus Cristo disse que “Os céus e a terra passarão” (Mateus 24:35). Isso se dará na sua vinda “Os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (II Pedro 3:10).

Mas há uma verdade explícita nas palavras de Jesus a Marta “Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada” a boa parteO texto diz que Jesus entra num povoado próximo de Jerusalém (8), e que uma mulher chamada Marta o hospeda em sua casa (verso 38). Jesus era amigo dessa família constituída pelos irmãos Marta, Maria e Lázaro (9). Talvez Marta, a dona da casa, fosse a irmã mais velha. Enquanto Maria, assentada aos pés de Jesus ouvia seus ensinamentos, Marta agitava-se muito com os serviços da casa e, indignada com a atitude de sua irmã pede a Jesus que a mande vir ajudá-la (versos 39 e 40), mas Jesus ternamente realça sua inquietação e preocupação, reprovando-a e lhe dizendo que uma só coisa é necessária e Maria a escolhera (versos 41 e 42).
O nome Maria deriva de Mariam, forma grega do hebraico Miriã. Essa Maria, irmã de Marta e Lázaro, aparece somente três vezes nos evangelhos, e sempre assentada aos pés de Jesus: para aprender (Lucas 10:39); para chorar a morte do seu irmão Lázaro (João 11:32 e 33); e para ungir os pés de Jesus (João 12:3). Viveu aos pés de Jesus para aprender, chorar e agradecer. “Aos pés de Jesus encontramos a mais avançada universidade da vida” (10).
A inquietação e preocupação de Marta com os serviços da casa a impediram de estar com Jesus e ouvir seus ensinamentos. Jesus já havia dito “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes?” (Mateus 6:25). Quanta inquietação, preocupação e ocupação nos assolam também, a ponto de adoecermos. Queremos muito mais do que precisamos; desperdiçamos anos da nossa existência com coisas pequenas e desnecessárias. Marta tornou-se o modelo das pessoas inquietas e preocupadas. Jesus reprovou essa conduta e lhe disse que uma só coisa é necessária. Jesus não foi radical ao dizer isso, pois precisamos ser confrontados e instigados à mudança. Ele é Deus e sabe de todas as coisas. 

Tudo nos será tirado e nada levaremos deste mundo. A não ser que façamos a escolha da boa parte como o fez Maria, em permanecer aos pés de Jesus aprendendo com Ele, desfrutando Sua companhia e O adorando como seu Salvador e Senhor. 
Eu já fiz essa escolha, e você?
Quero um dia estar na presença de Jesus Cristo e então dizer - valeu a pena! 
Que essa esperança seja tua também.

A Deus toda a glória!

JSF

Citações da Bíblia Tradução de Almeida Revista e Atualizada no Brasil


1 – Colossenses 4:14; 2 – Pastor pentecostal, conferencista e escritor; 3 – Jó 1:13-22; 4 – Eclesiastes 2:11; 5 – Sheol, em hebraico túmulo, cova ,sepultura; 6 – Gênesis 5:27; 7 – Salmo 90:4, II Pedro 3:8; 8 – Betânia, João 11:1; 9 – João 11:1; 10 – Hernandes Dias Lopes, pastor presbiteriano e escritor.  

domingo, 10 de setembro de 2017


A Iminente Segunda Vinda de Cristo

Antes de Cristo, quando os reis e os imperadores visitavam uma cidade sob seu domínio, essa chegada com a presença do monarca era denominada parousia. Os primeiros cristãos também usavam esse termo quando se referiam à iminente volta de Jesus Cristo. Parousia é uma palavra grega que significa vinda, advento ou chegada, refere-se ao Último Dia ou ao Dia da Segunda Vinda de Cristo.
Em Atos capítulo 1versos 9 a 11, Jesus profere suas últimas palavras aos seus discípulos: “Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma como o viram subir”. 
O pastor e autor americano Tim LaHaye escreveu “Doze razões pelas quais esta pode ser a última geração” (1). Não afirma categoricamente que esta é a última geração, mas aponta evidências de que está mais próxima do que nós imaginamos. Vou comentar algumas dessas evidências. Todos queremos sinais e precisamos de sinais. Os discípulos de Jesus lhe perguntaram certa vez: “Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos” (Mateus 24:3).

Vejamos alguns sinais da proximidade da Vinda de Cristo:

1 – Guerras e rumores de guerras.

“Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim” (Mateus 24:6). No Século XX as duas grandes guerras mundiais e a ascensão do comunismo mataram mais de cento e oitenta milhões de pessoas.
 
2 – Fomes e terremotos.

“Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá fomes e terremotos em vários lugares” (Mateus 24:7). Há alguns anos atrás, numa pesquisa feita em Angola para saber o que os angolanos mais queriam, 95% dos entrevistados disseram “queremos mais comida”. Constantemente são postados na internet vídeos mostrando crianças morrendo de fome. Terremotos destruidores foram raros durante séculos, mas nas últimas décadas eles têm sido frequentes e cada vez mais intensos. Uma publicação da Sociedade Geológica dos Estados Unidos revelou que na década de 40 houve apenas 4 terremotos, já na primeira década do Século XXI foram registrados mais de 140 terremotos. E o que mais tem preocupado os sismólogos é o aumento da magnitude desses terremotos. No Haiti, em 2010, morreram mais de 227.000 pessoas vítimas de um terremoto devastador.

3 – O ressurgimento de Israel.

Os capítulos 36 e 37 do livro de Ezequiel referem-se à nação de Israel. “Filho do homem, estes ossos são toda a nação de Israel” (Ezequiel 37:11). Em 1948, Israel ressurgiu como nação. Em 1967, com a Guerra dos seis dias, reconquistou Jerusalém – a cidade mais amada do mundo. O foco da atenção do mundo está nessa pequenina nação e nessa pequenina faixa de terra que Deus concedeu a Abraão como pátria. Alguém afirmou “A paz do mundo depende da paz de Jerusalém”.

4 – O aumento da ciência.

“Mas você, Daniel, feche com um selo as palavras do livro até o tempo do fim. Muitos irão por todo lado em busca de maior conhecimento” (Daniel 12:4). Vivemos a era da informação e do conhecimento, da ciência e da tecnologia, e da movimentação das pessoas de um lado para outro. Com apenas um toque do dedo nos conectamos com o mundo todo.

5 – Abandono da fé.

“O Espírito diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e seguirão espíritos enganadores e doutrinas de demônios” (I Timóteo 4:1). O liberalismo, o humanismo e o naturalismo predominam exercendo grande influência. A rejeição à divindade de Jesus Cristo e outras doutrinas demoníacas tem proliferado.

Lemos no Evangelho segundo João a promessa do próprio Jesus de que voltaria: “Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:1-3). Quando Jesus disse isso aos seus discípulos, eles entenderam que Jesus estava comparando sua volta com um casamento judaico. No casamento judaico, realizado em duas etapas, quando um homem encontrava a mulher com a qual pretendia se casar, ia à casa dela com um contrato de matrimônio, o ketubah, contendo os termos legais para o casamento; combinavam o preço a ser pago, um alto valor, termo importante do contrato. Uma vez firmado o ketubah, o noivo retornava para a casa de seu pai, dizendo à noiva: “Eu vou preparar lugar para você”. De volta à casa de seu pai, ele deveria construir uma pequena suíte para a lua de mel – a câmara nupcial, onde ficariam por sete dias. Essa preparação levava praticamente um ano. O pai do noivo supervisionava a obra e dava a palavra final para o noivo ir buscar sua noiva. A noiva, por sua vez, esperava pacientemente preparando seu enxoval. Ela, separada e comprada por preço, deveria ter uma lâmpada de óleo pronta caso o noivo chegasse altas horas da noite. Às vezes o noivo demorava muito, mas com certeza viria, pois já tinha pago o preço pela noiva. Durante o tempo de espera, a noiva usaria um véu como sinal de que estava comprometida e, também, para que outro homem não lhe fizesse oferta. A noiva convocava suas irmãs e amigas para irem com ela às bodas quando o noivo chegasse, e todas deveriam ter suas lâmpadas com óleo prontas para a chegada do noivo. Quando o pai do noivo avisasse que já era hora, o noivo chamava seus amigos para acompanha-lo na busca da noiva, e tentaria chegar à meia noite surpreendendo a noiva. Na casa da noiva tudo deveria estar preparado para esse momento. Ao aproximar-se da casa, um dos amigos do noivo gritava: “Eis o noivo”. E ouvindo a voz do noivo, a noiva acendia sua lâmpada, pegava seu enxoval e saia ao seu encontro. Se suas amigas quisessem ir junto deveriam estar prontas. Toda a vizinhança acordava e percebia que eram as bodas acontecendo. Chegando à casa do noivo, os mesmos entravam na câmara nupcial e trancavam a porta. A festa se iniciava e duraria sete dias.
Da mesma forma será a vinda de Jesus. Ele já pagou um alto preço por sua noiva – a igreja, derramando seu sangue na cruz do Calvário. Foi preparar um lugar e voltará a qualquer momento para nos levar para as bodas. “Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre” (I Tessalonicenses 4:16,17).  
Todos os que esperam Jesus – os que já morreram e os que estiverem vivos – verão Jesus voltar. Estarmos preparados para a volta de Jesus é o mesmo que estarmos preparados para a morte. Se morrermos antes, ressuscitaremos na Sua volta.
Devemos estar prontos para esse grande acontecimento – o maior de todos!
Disse Jesus: “Venho em breve!” (Apocalipse 3:11).
Volte logo Jesus, estamos esperando.

A Deus toda a glória!

JSF

Citações da Bíblia Nova Versão Internacional      

1 – Quando a Trombeta Soar, Actual Edições, págs. 403 – 420.

terça-feira, 18 de julho de 2017


Jesus é a Palavra

Vivemos a civilização do domínio da imagem. Já dizia Napoleão Bonaparte “Um bom desenho vale mais do que um longo discurso”, e Confúcio “Uma imagem vale mais que mil palavras”. Mesmo assim a imagem não é capaz de transmitir uma experiência espiritual ou revelar o que está no interior do ser humano. E mesmo não transmitindo nada além das aparências, tem o domínio da realidade porque consegue captar o exterior, o que é visível. A grande tentação do nosso tempo é confundir essa realidade trazida pela imagem com a verdade trazida pela palavra. A ascensão da imagem se deu por conta da decadência da palavra, pois quando expressa a realidade não se obriga a ser portadora da verdade. A palavra por sua vez perde na competição com a imagem. O mundo da imagem visual e virtual é ilusório, nos seduz e paralisa. Somos cercados por fotos, filmes, internet, cartazes, ilustrações e outros tantos meios. A produção e difusão da imagem através da tecnologia tornou-se magnífica ao longo dos anos e, também, irreversível, mas talvez ainda seja possível uma reconciliação entre a imagem e a palavra. Precisamos resgatar a função da palavra na civilização. Shimon Peres, estadista israelense e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1994, disse “O verdadeiro mundo é o mundo das palavras”.
O cinema, a internet e a televisão, dentre outros, são esquemas que nos prendem à imagem, e se tornam ídolos aos quais nos prostramos e dispendemos boa parte do nosso tempo. No período bizantino houve uma doutrina denominada iconoclasmo, que pregava a destruição dos ídolos e dos seus cultos; há um paralelo entre a civilização da imagem e a idolatria, e não não seria exagero para qualquer cristão convicto se tornar um iconoclasta e combater esses ídolos quando por eles for escravizado. A massificação produzida pela imagem torna as pessoas e a sociedade indiferentes à verdade.
No judaísmo e no cristianismo Deus se revela pela palavra e não pela imagem. Na Bíblia, as epifanias são muito raras. O segundo mandamento dado a Moisés proíbe qualquer tipo de imagem “Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra” (Êxodo 20:4). Quando Moisés pediu a Deus que lhe mostrasse a Sua glória, o Criador respondeu “Você não poderá ver a minha face, porque ninguém poderá ver-me e continuar vivo” (Êxodo 33:20). Deus entra na história do homem pela revelação da palavra e não pela imagem.

Jesus é a Palavra de Deus

Nos três primeiros versos do capítulo um do evangelho de João, lemos: “No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito” (João 1:1-3). Jesus é o Deus Criador de todas as coisas, e as criou pela Sua Palavra. O evangelista usa a mesma expressão “no princípio”, de Gênesis 1:1; nas duas o agente é a Palavra de Deus, o logos no original grego, que foi traduzido como palavra ou verbo. Logos para a filosofia grega significava o princípio de razão que dá forma ao mundo material e constitui a alma racional no ser humano. Entretanto, João não utiliza esse conceito da filosofia grega, mas busca no Antigo Testamento a ideia de Deus se expressando; a expressão pessoal de Deus através da Palavra; a Palavra em ação. A Palavra de Deus é distinta de Deus, mas tem relação pessoal muito íntima com Deus; participa da natureza de Deus porque a Palavra é Deus, é a essência de Deus. A Palavra de Deus não é mera expressão intelectual de uma realidade, mas é a própria realidade. Não é razão, mas acontecimento, fato. Tem sua importância não pelos vocábulos ou códigos que utiliza, mas porque é a Palavra de Deus. A Reforma, que comemora 500 anos em 2017, redescobriu a importância da Palavra de Deus, mas se perdeu em conceitos e discursos. A Palavra de Deus é muito mais que discurso ou pregação, é ato de Deus; é Deus em ação, é Deus falando. A revelação de Deus é um fato que se dá através da Palavra.
É através da Palavra que o homem conhece a Deus, conhece a si mesmo, descobre a natureza, a criação e a história, a ordem e a desordem do universo e, também, qual o propósito do Criador em todas as coisas criadas. A Palavra de Deus não é estática, mas dinâmica; logos na sabedora grega é um elemento impessoal de uma verdade eterna, e na revelação bíblica logos é poder, energia e vida. A Palavra é viva, não torna a Deus sem resultado: “... a palavra que sai da minha boca: ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei” (Isaías 55:11)

Jesus, a Palavra que se fez carne

“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:14). Jesus é a Palavra desde o princípio, estava com Deus Pai e era Deus, conforme João 1:1. Ele é a própria Palavra, daí sua autoridade quando pregava e ensinava. Ele tem supremacia sobre toda verdade porque é Deus, e Suas palavras permanecerão para sempre.
O ministério da Palavra foi confiado à Igreja de Jesus Cristo; a pregação e o ensinamento da Igreja não consistem tanto em lembrar e anunciar as palavras de Jesus, mas em anunciar o próprio Jesus que é a Palavra. A pregação da Palavra de Deus não é um discurso persuasivo de sabedoria, conforme disse Paulo, apóstolo: “Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus” (I Coríntios 2:4 e 5). A lógica pode ter argumentos irrefutáveis, mas não convence o homem pecador; é preciso o poder do Espírito Santo de Deus.  
Jesus é a conjunção da Imagem e da Palavra de Deus. “Ele é a imagem do Deus invisível...” (Colossenses 1:15). Todo aquele que olhar, ouvir e crer em Jesus Cristo, será salvo.
Jesus Cristo é a Palavra de Deus.

A Deus toda glória!

JSF


Citações da Bíblia Nova Versão Internacional.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Uma cabana no telhado

No capítulo oito do livro de Neemias, dos versos treze a dezoito, lemos sobre a Festa dos Tabernáculos, uma das principais festas dos israelitas.

“No dia seguinte ajuntaram-se a Esdras, o escriba, os cabeças das famílias de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, e isto para atentarem nas palavras da lei. Acharam escrito na lei que o Senhor ordenara, por intermédio de Moisés, que os filhos de Israel habitassem em cabanas, durante a festa do sétimo mês” (Versos 13 e 14)
Essa festa acontecia durante sete dias e tinha dois lados: era a festa da colheita no fim do ano (1) e, também, um memorial do deserto quando o povo de Israel habitou em tendas. (2) Ainda hoje, judeus em várias partes do mundo realizam o Festival de Sukkot, relembrando historicamente os quarenta anos nos quais os filhos de Israel vagaram pelo deserto vivendo em tendas e, também, uma festa pela colheita. Cada família constrói a sua sukkah (cabana) para nela ficar durante a realização do festival. Em Nova York os judeus ortodoxos constroem suas cabanas no alto dos telhados e nas sacadas dos prédios.

“Acharam escrito na lei...” (Verso 14)
Nos dias de Neemias, quando os muros de Jerusalém estavam sendo reconstruídos, houve grande alegria entre o povo ao ouvirem atentamente a leitura da lei por Esdras, o escriba, pois redescobriram que o Senhor ordenara ao povo que habitasse em cabanas durante a realização da festa, pois durante o tempo do cativeiro a festa tinha se tornado apenas uma comemoração simbólica, e agora estava sendo restaurada por completo.

“Que publicassem e fizessem passar pregão por todas as suas cidades, e em Jerusalém, dizendo: Saí ao monte, e trazei ramos de oliveiras, ramos de zambujeiros, ramos de murtas, ramos de palmeiras e ramos de árvores frondosas, para fazer cabanas, como está escrito. Saiu, pois, o povo, trouxeram os ramos e fizeram para si cabanas, cada um no seu terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da casa de Deus, e na Praça da Porta das Águas e na praça da Porta de Efraim” (Versos 15 e 16)

Houve divulgação em toda a cidade de Jerusalém e demais cidades e, também,  uma intensa mobilização de todo o povo na busca de ramos de árvores para a construção das cabanas.

“Toda a congregação dos que tinham voltado do cativeiro fizeram cabanas e nelas habitaram; porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria” (Verso 16)
Todo o povo participou alegremente da festa desde sua preparação conforme as ordenanças da lei. Imaginemos uma paisagem contrastante entre a vida estabelecida e a vida nômade, lembrando a peregrinação no deserto. Esdras, Neemias e os levitas instaram o povo a alegrar-se quando disseram: “... a alegria do Senhor é a vossa força” (Neemias 8:10) E nessa alegria o povo festejava.

“Dia após dia leu Esdras no livro da lei de Deus, desde o primeiro dia até ao último; e celebraram a festa por sete dias; no oitavo dia houve uma assembleia solene, segundo o prescrito” (Verso 18)
Durante todo o período de realização da festa, sete dias, o escriba Esdras leu a lei de Deus para o povo – um verdadeiro congresso bíblico.

Essa festa proporcionou uma comunhão entre o povo, o reconhecimento da provisão e do cuidado de Deus, a lembrança da peregrinação no deserto, a alegria de festejar e a oportunidade de ouvir a leitura da lei de Deus, fortalecendo toda a nação de Israel.
O que nós, hoje, podemos aprender com essa narrativa bíblica?

1º – Sete dias habitando em cabanas.
Um breve período. A bíblia diz que “acabam-se os nossos anos como um breve pensamento” (3) e que “tudo passa rapidamente, e nós voamos” (4);

2º – A cabana era uma habitação provisória.
Abraão,  o nosso pai na fé, viveu como peregrino, pois aguardava morar na cidade celestial, construída por Deus e não pelos homens (5) O nosso corpo também é descrito na bíblia como sendo uma morada terrena, provisória, que será substituída por uma morada eterna, celestial (6);

3º – Lembrança da peregrinação do povo de Israel no deserto.
O povo de Israel permaneceu por quarenta anos no deserto, mas o destino era a terra prometida, Canaã. Nós também estamos de passagem por este mundo, e nosso destino final será outro (7), daí precisarmos pensar nas coisas lá do céu (8);

4º – Havia muita alegria durante a festa nas cabanas.
Os que conhecem e temem a Deus devem se alegrar (9). Os que buscam a Deus recebem seu Espírito Santo e passam a ter alegria (10);

5º – Habitando em cabana, mas ouvindo a lei de Deus.
Enquanto durava a festa o povo não deixou de ouvir a leitura da lei de Deus. A habitação em cabana era provisória, pois durava apenas sete dias, mesmo assim não houve negligência quanto às ordenanças de Deus. O tempo da nossa vida terrena é muito breve, e precisamos diariamente da orientação e do cuidado de Deus.

Eu estou vivendo, provisoriamente, em uma cabana feita no telhado, mas aguardo ansiosamente a habitação permanente junto a Deus, na eternidade! E você, também?   


A Deus toda a glória!


JSF


Citações da Bíblia Tradução Almeida Revista e Atualizada no Brasil


1 – Êxodo 34:22; 2 – Levítico 23:43; 3 – Salmo 90:9; 4 – Salmo 90:10; 5 – Hebreus 11:8–10; 6 – II Coríntios 5: 1 e 2; 7 – Hebreus 13:14; 8 – Colossenses 3: 1–4; 9 – Filipenses 4:4; 10 – Gálatas 5:22 

domingo, 2 de abril de 2017


A luta do cristão

A vida cristã é permeada por lutas. Não é possível seguir a Jesus Cristo sem travar uma intensa luta espiritual. Essa luta é renhida, ou seja, é disputada intensamente e com ferocidade. O poeta brasileiro Gonçalves Dias escreveu: “Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar” (1). Se a vida normal é uma luta renhida, a vida cristã é muito mais! Se quisermos viver plenamente essa vida cristã, precisaremos lutar muito. Vejamos o que a Bíblia diz sobre essa luta espiritual: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade, e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Efésios 6:10 a 18).

Algumas considerações importantes sobre esse texto bíblico:

1 – “Sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder” (verso 10).

No original grego o tempo do verbo é sede fortes. Precisamos receber a todo momento esse poder para sermos fortes no Senhor Jesus. Ele disse: “... sem mim nada podeis fazer” (2). O fortalecimento é necessário porque a luta é renhida – feroz e violenta.

2 – “Revesti-vos de toda a armadura de Deus” (verso 11).

O apóstolo Paulo, ao referir-se à armadura de Deus, provavelmente estava pensando no soldado romano e no guerreiro celestial citado no livro do profeta Isaías (3). A armadura de Deus contém todas as armas que precisamos para a luta.

3 – “Para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo” (verso 11).

Essa luta não é contra a força humana, mas contra um inimigo espiritual chamado diabo, que no original grego quer dizer denunciador, acusador. Ele é citado mais de trinta vezes no Novo Testamento; seus ataques são astutos e sutis, daí precisarmos ficar firmes como uma fortaleza para podermos enfrenta-lo. No original grego o verbo ‘ficar’ dá ideia de uma firme resistência a uma forte oposição. 

4 – “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal” (verso 12)

O homem evoluiu muito no conhecimento do mundo físico, mas não buscou o conhecimento do mundo espiritual. Existe uma organização espiritual do mal denominada ‘reino das trevas’, são anjos caídos e demônios que estão sob a autoridade do diabo e exercem influência no mundo físico através dos sistemas religiosos, políticos, econômicos, educacionais, filosóficos e outros. Esses seres espirituais subjugam os homens em todos os níveis da organização humana, das nações às famílias; são ousados a ponto de intentarem roubar até as bênçãos espirituais que os cristãos adquiriram em Cristo Jesus (4).
É uma luta travada na Terra e no mundo espiritual. Lemos no livro do profeta Daniel que os anjos de Satanás  lutam com os anjos de Deus  para obterem o controle das nações (5). Cada nação, região, província ou cidade tem um espírito do mal que a controla; da mesma forma uma família ou pessoa também pode ser controlada por um espírito do mal.

5 – “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau” (verso 13).

O dia mau é o dia da luta mais intensa, mais severa e feroz. Precisamos estar preparados para quando esse dia vier. Diz a Bíblia que o diabo procura alguém para devorar: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, ...” (I Pedro 5: 8 e 9).

6 – As armas de Deus são eficazes para essa luta espiritual, são elas: a verdade, a justiça, o evangelho da paz, a fé, a salvação e a palavra de Deus (versos 14 a 17).

7 – “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito” (verso 18).

Cada uma das armas deve ser usada com oração e súplica a Deus. Orar no Espírito é viver no Espírito e não apenas ser ajudado por Ele. É receber a graça para vigiar e continuar orando.

A luta do cristão é renhida, incessante e feroz; é uma luta certa para todo aquele que deseja seguir a Jesus Cristo e por Ele viver, entretanto Deus provê toda a armadura necessária.  Tão somente devemos nos fortalecer no Senhor e usar as armas que Ele nos dá, orando o tempo todo e vivendo na companhia do Espírito Santo. “Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Romanos 8:36 e 37).

A Deus toda glória!

JSF


Citações da Bíblia Tradução de Almeida Revista e Atualizada no Brasil

1 – Canção do Tamoio - Gonçalves Dias; 2 – João 15:5; 3 – Isaías 59:17; 4 – Efésios 1:3; 5 – Daniel 10: 13-21.


      





  

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017


  



A IGREJA QUE DEUS QUER
  
A igreja de Jesus Cristo foi constituída no Dia de Pentecostes em Jerusalém, quando cento e vinte pessoas que estavam reunidas no cenáculo foram batizadas individualmente com o Espírito Santo, em cumprimento à promessa de Jesus “Vós sereis batizados com o Espírito Santo”. (Atos 1:5) John Stott (1), em seu livro A Igreja Autêntica (2), “desvenda a sabedoria bíblica e a torna prática para todos os que enfrentam os desafios de ser e viver nas igrejas dos nossos dias”. Atualmente muitos cristãos decidiram abandonar a comunhão com seus irmãos e não mais vivenciarem o ambiente de uma igreja enquanto instituição ou organização religiosa, são os chamados ‘desigrejados’. A Bíblia não menciona essa nova categoria de crentes, mas faz referência, uma única vez, àqueles que se afastam da comunhão com seus irmãos: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns”. (Hebreus 10:25)  Mesmo quando nos decepcionamos com a instituição denominada igreja, seja ela A, B ou C, não devemos abandonar a verdadeira igreja de Cristo, que é um organismo espiritual unificado, semelhante a um corpo e tendo Ele, Cristo, como o cabeça desse corpo.
Participar da igreja de Jesus Cristo é um privilégio indescritível, uma dádiva inigualável se comparada a qualquer outro benefício ou conquista que o ser humano possa desfrutar neste mundo. O nosso comprometimento não é só com a pessoa de Jesus Cristo, mas também com a sua igreja. A igreja é a realização de um propósito eterno de Deus; é o cumprimento histórico desse propósito. Deus não quer apenas salvar indivíduos, mas quer edificar a sua igreja  “E purificar para si mesmo um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”. (Tito 2:14)
Vejamos três importantes funções da igreja de Jesus Cristo:

1 – É o corpo espiritual de Cristo na Terra.
O apóstolo São Paulo diz que a igreja é o corpo e a plenitude de Jesus Cristo (3), referindo-se à união espiritual de Cristo, sendo Ele o Cabeça, ao Seu corpo – a igreja. Jesus Cristo é, também, a plenitude dessa igreja, pois é a expressão plena de Deus Pai. 

2 – É a agência reveladora do Evangelho para o mundo espiritual.
E o mesmo apóstolo desvenda aos homens e ao mundo espiritual “O evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”(4) Sua tarefa era compartilhar essa grande verdade ao mundo visível e ao mundo invisível dos “principados e potestades”(5)

3 – É a noiva de Cristo.
O casamento judeu do tempo do apóstolo Paulo realizava-se em duas cerimônias distintas, o noivado e a cerimônia nupcial, que oficializava o casamento. Entre as duas cerimônias decorria um ano, tempo no qual a noiva já era considerada legalmente a esposa do noivo, embora permanecesse virgem. Daí o apóstolo referir-se à igreja como virgem pura, que será apresentada ao esposo celestial Jesus Cristo, na cerimônia nupcial quando o casamento será consumado. (6)   
A igreja primitiva, narrada em Atos, capítulo 2, versos 42 a 47 nos dá uma visão da igreja que Deus quer: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa, e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. As marcas dessa Igreja eram: perseverança na comunhão, no partir do pão, nas orações, no templo; celebravam a Ceia do Senhor; tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração; louvavam a Deus. Apesar das imperfeições e limitações dessa Igreja, eram dirigidos por Deus através do Espírito Santo. A igreja que Deus quer deve fundamentar-se na Palavra de Deus e ser dirigida pelo Espírito Santo. A UNESCO publicou um relatório (7) focando a educação no Século XXI e cita no relatório ‘Os quatro pilares da educação’, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Os quatro pilares da educação citados nesse relatório, e a visão de Deus para sua Igreja, segundo Stott (8) , coincidência ou não, mencionam as quatro características distintivas da Igreja primitiva, que a tornaram a igreja que Deus quer.

Primeira característica – Uma igreja que aprende.

“Perseveravam na doutrina dos apóstolos...” (Atos 2:42) Outras traduções dizem “continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos” (9), “se dedicavam ao ensino dos apóstolos” (10) Após a conversão, os primeiros crentes eram cheios do Espírito Santo, e se reuniam para ouvir o ensinamento dos apóstolos. Não há incompatibilidade entre ser cheio do Espírito Santo e precisar obter conhecimento da doutrina bíblica. O Espírito Santo é o “Espírito da verdade” (11) Os crentes da igreja primitiva reconheciam a autoridade dos apóstolos, daqueles que estiveram com Cristo e o viram após Sua ressurreição. Daí acatarem essa doutrina. Hoje muitos se intitulam apóstolos, mas não possuem a autoridade dos apóstolos mencionados na Palavra de Deus.

Segunda característica – Uma igreja que compartilha.

“Perseveravam ... na comunhão, no partir do pão...” (Atos 2:42)  A palavra comunhão, do grego koinonia, significa compartilhamento e companheirismo. Era notório na Igreja primitiva o amor demonstrado por eles, partilhando seus bens com quem tinha necessidade e participando juntos das refeições. Não eram todos os que vendiam suas propriedades, pois no verso 46 lemos que “...partiam pão de casa em casa...”. Precisamos aprender a viver juntos, sendo generosos uns para com os outros. Deus foi generoso quando deu seu Filho unigênito Jesus Cristo para morrer por nossos pecados.

Terceira característica – Uma igreja que adora e ora.

“Perseveravam ... no partir do pão e nas orações”. (Atos 2:42) “...louvando a Deus...”. (Atos 2:47) No livro de Atos, o termo ‘partir o pão’, empregado por Lucas, seu autor, refere-se à Ceia do Senhor e não somente a uma refeição comum. Os crentes da Igreja primitiva oravam e louvavam a Deus, tanto no templo quanto nas casas. A oração era feita no templo (12) e nas casas (13) A adoração formal no templo e a informal também deve acontecer em nossos dias. Ser igreja de Jesus Cristo é adorar a Deus!

Quarta característica – Uma igreja que evangeliza.

“... e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. (Atos 2:47) A igreja, ekklesia, no grego, significa ‘os chamados para fora’. É chamada para fora do mundo para pertencer a Deus e, depois, enviada a esse mesmo mundo para testemunhar e servir. O verso 42 descreve aspectos internos da Igreja, e o verso 47 aspectos externos. A igreja perseverava em fazer o que os apóstolos ensinavam, e isso agradava a Deus. A vida em comum, o testemunho diário de cada um, os sinais e prodígios que aconteciam, eram suficientes para despertar a simpatia do povo em derredor. Eles faziam a lição de casa e o Senhor (Jesus Cristo) acrescentava-lhes os que iam se salvando, autenticando o que faziam como igreja.

Palavras finais

A igreja de Jesus Cristo tem crescido no mundo, principalmente na África, Ásia e América Latina. No Brasil, já somos mais de 40 milhões. Entretanto, esse crescimento quantitativo não significa crescimento em profundidade na Palavra de Deus e no relacionamento com Ele. Extremistas islâmicos estão matando cristãos em alguns países, e alguns desses executores justificam seus atos alegando que os cristãos não fazem nada por eles. A igreja de Cristo no Século XXI, salvo raras exceções, não está sendo a Igreja que Deus quer. Esta igreja deve espelhar-se em Atos 2 (Leia todo o capítulo) para ser uma igreja que aprende a Palavra de Deus e a pratica; uma igreja cujos membros vivem em comunhão de amor e compartilham seus bens; uma igreja que adora a Deus com temor, cultuando, orando, celebrando e louvando com alegria; e, acima de tudo, uma igreja que evangeliza através do testemunho de vida dos seus integrantes e da pregação bíblica nos seus púlpitos.
“Não precisamos esperar que o Espírito Santo venha, pois ele veio no Dia de Pentecostes e nunca deixou a Igreja. De fato, em certo sentido o dia de Pentecostes não pode repetir-se, assim como o Natal, a Sexta-Feira da Paixão, a Páscoa e o Dia da Ascensão não se repetem, pois Jesus nasceu uma vez, morreu uma vez, ressuscitou uma vez, ascendeu uma vez e enviou o Espírito Santo uma vez. Mas o que precisamos fazer é nos humilhar diante de Deus e buscar a plenitude, a orientação e o poder do Espírito Santo, pois então nossas igrejas vão pelo menos se aproximar das características essenciais de uma igreja viva na doutrina apostólica, na comunhão de amor, na adoração alegre e no evangelismo contínuo, voltado para os de fora”. (John Stott) (14)
Esta é a igreja que Deus quer! Façamos parte dela.

A Deus toda glória!

JSF

Citações da Bíblia Tradução de Almeida Revista e Atualizada no Brasil

  1 - John Stott, pastor anglicano, teólogo, escritor e evangelista inglês.
  2 - A Igreja Autêntica, John Stott, 1. ed., Viçosa, MG, Editora Ultimato; São Paulo, ABU Editora, 2013.
  3 - Efésios 1:23
  4 - Efésios 3:8
  5 - Efésios 3:10
  6 - II Coríntios 11:2
  7 - Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI.
  8 - A Igreja Autêntica, John Stott, capítulo 1.
  9 - Nova Tradução na Linguagem de Hoje, SBB.
10 - Nova Versão Internacional,SBI.
11 - João 16:13
12 - Atos 2:46
13 - Atos 4:24-31
14 - A Igreja Autêntica, John Stott, p. 31