quinta-feira, 11 de maio de 2017

Uma cabana no telhado

No capítulo oito do livro de Neemias, dos versos treze a dezoito, lemos sobre a Festa dos Tabernáculos, uma das principais festas dos israelitas.

“No dia seguinte ajuntaram-se a Esdras, o escriba, os cabeças das famílias de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, e isto para atentarem nas palavras da lei. Acharam escrito na lei que o Senhor ordenara, por intermédio de Moisés, que os filhos de Israel habitassem em cabanas, durante a festa do sétimo mês” (Versos 13 e 14)
Essa festa acontecia durante sete dias e tinha dois lados: era a festa da colheita no fim do ano (1) e, também, um memorial do deserto quando o povo de Israel habitou em tendas. (2) Ainda hoje, judeus em várias partes do mundo realizam o Festival de Sukkot, relembrando historicamente os quarenta anos nos quais os filhos de Israel vagaram pelo deserto vivendo em tendas e, também, uma festa pela colheita. Cada família constrói a sua sukkah (cabana) para nela ficar durante a realização do festival. Em Nova York os judeus ortodoxos constroem suas cabanas no alto dos telhados e nas sacadas dos prédios.

“Acharam escrito na lei...” (Verso 14)
Nos dias de Neemias, quando os muros de Jerusalém estavam sendo reconstruídos, houve grande alegria entre o povo ao ouvirem atentamente a leitura da lei por Esdras, o escriba, pois redescobriram que o Senhor ordenara ao povo que habitasse em cabanas durante a realização da festa, pois durante o tempo do cativeiro a festa tinha se tornado apenas uma comemoração simbólica, e agora estava sendo restaurada por completo.

“Que publicassem e fizessem passar pregão por todas as suas cidades, e em Jerusalém, dizendo: Saí ao monte, e trazei ramos de oliveiras, ramos de zambujeiros, ramos de murtas, ramos de palmeiras e ramos de árvores frondosas, para fazer cabanas, como está escrito. Saiu, pois, o povo, trouxeram os ramos e fizeram para si cabanas, cada um no seu terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da casa de Deus, e na Praça da Porta das Águas e na praça da Porta de Efraim” (Versos 15 e 16)

Houve divulgação em toda a cidade de Jerusalém e demais cidades e, também,  uma intensa mobilização de todo o povo na busca de ramos de árvores para a construção das cabanas.

“Toda a congregação dos que tinham voltado do cativeiro fizeram cabanas e nelas habitaram; porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria” (Verso 16)
Todo o povo participou alegremente da festa desde sua preparação conforme as ordenanças da lei. Imaginemos uma paisagem contrastante entre a vida estabelecida e a vida nômade, lembrando a peregrinação no deserto. Esdras, Neemias e os levitas instaram o povo a alegrar-se quando disseram: “... a alegria do Senhor é a vossa força” (Neemias 8:10) E nessa alegria o povo festejava.

“Dia após dia leu Esdras no livro da lei de Deus, desde o primeiro dia até ao último; e celebraram a festa por sete dias; no oitavo dia houve uma assembleia solene, segundo o prescrito” (Verso 18)
Durante todo o período de realização da festa, sete dias, o escriba Esdras leu a lei de Deus para o povo – um verdadeiro congresso bíblico.

Essa festa proporcionou uma comunhão entre o povo, o reconhecimento da provisão e do cuidado de Deus, a lembrança da peregrinação no deserto, a alegria de festejar e a oportunidade de ouvir a leitura da lei de Deus, fortalecendo toda a nação de Israel.
O que nós, hoje, podemos aprender com essa narrativa bíblica?

1º – Sete dias habitando em cabanas.
Um breve período. A bíblia diz que “acabam-se os nossos anos como um breve pensamento” (3) e que “tudo passa rapidamente, e nós voamos” (4);

2º – A cabana era uma habitação provisória.
Abraão,  o nosso pai na fé, viveu como peregrino, pois aguardava morar na cidade celestial, construída por Deus e não pelos homens (5) O nosso corpo também é descrito na bíblia como sendo uma morada terrena, provisória, que será substituída por uma morada eterna, celestial (6);

3º – Lembrança da peregrinação do povo de Israel no deserto.
O povo de Israel permaneceu por quarenta anos no deserto, mas o destino era a terra prometida, Canaã. Nós também estamos de passagem por este mundo, e nosso destino final será outro (7), daí precisarmos pensar nas coisas lá do céu (8);

4º – Havia muita alegria durante a festa nas cabanas.
Os que conhecem e temem a Deus devem se alegrar (9). Os que buscam a Deus recebem seu Espírito Santo e passam a ter alegria (10);

5º – Habitando em cabana, mas ouvindo a lei de Deus.
Enquanto durava a festa o povo não deixou de ouvir a leitura da lei de Deus. A habitação em cabana era provisória, pois durava apenas sete dias, mesmo assim não houve negligência quanto às ordenanças de Deus. O tempo da nossa vida terrena é muito breve, e precisamos diariamente da orientação e do cuidado de Deus.

Eu estou vivendo, provisoriamente, em uma cabana feita no telhado, mas aguardo ansiosamente a habitação permanente junto a Deus, na eternidade! E você, também?   


A Deus toda a glória!


JSF


Citações da Bíblia Tradução Almeida Revista e Atualizada no Brasil


1 – Êxodo 34:22; 2 – Levítico 23:43; 3 – Salmo 90:9; 4 – Salmo 90:10; 5 – Hebreus 11:8–10; 6 – II Coríntios 5: 1 e 2; 7 – Hebreus 13:14; 8 – Colossenses 3: 1–4; 9 – Filipenses 4:4; 10 – Gálatas 5:22