Uma cabana no telhado
No capítulo oito do livro de Neemias, dos versos treze a
dezoito, lemos sobre a Festa dos Tabernáculos, uma das principais festas dos
israelitas.
“No dia seguinte ajuntaram-se a Esdras, o escriba, os
cabeças das famílias de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, e isto para
atentarem nas palavras da lei. Acharam escrito na lei que o Senhor ordenara,
por intermédio de Moisés, que os filhos de Israel habitassem em cabanas,
durante a festa do sétimo mês” (Versos 13 e 14)
Essa festa acontecia durante sete dias e tinha dois lados:
era a festa da colheita no fim do ano (1) e, também, um memorial do deserto
quando o povo de Israel habitou em tendas. (2) Ainda hoje, judeus em várias
partes do mundo realizam o Festival de Sukkot, relembrando historicamente os
quarenta anos nos quais os filhos de Israel vagaram pelo deserto vivendo em
tendas e, também, uma festa pela colheita. Cada família constrói
a sua sukkah (cabana) para nela ficar durante a realização do festival. Em Nova
York os judeus ortodoxos constroem suas cabanas no alto dos telhados e nas sacadas dos prédios.
“Acharam escrito na lei...” (Verso 14)
Nos dias de Neemias, quando os muros de Jerusalém estavam
sendo reconstruídos, houve grande alegria entre o povo ao ouvirem atentamente a
leitura da lei por Esdras, o escriba, pois redescobriram que o Senhor ordenara ao povo que habitasse em cabanas durante a realização da festa, pois durante o tempo do cativeiro a festa tinha se tornado apenas uma comemoração simbólica, e agora estava
sendo restaurada por completo.
“Que publicassem e fizessem passar pregão por todas as
suas cidades, e em Jerusalém, dizendo: Saí ao monte, e trazei ramos de
oliveiras, ramos de zambujeiros, ramos de murtas, ramos de palmeiras e ramos de
árvores frondosas, para fazer cabanas, como está escrito. Saiu, pois, o povo,
trouxeram os ramos e fizeram para si cabanas, cada um no seu terraço, e nos
seus pátios, e nos átrios da casa de Deus, e na Praça da Porta das Águas e na
praça da Porta de Efraim” (Versos 15 e 16)
Houve divulgação em toda a cidade de Jerusalém e demais cidades e, também, uma intensa mobilização de todo o povo na busca de ramos de árvores para a
construção das cabanas.
“Toda a congregação dos que tinham voltado do cativeiro
fizeram cabanas e nelas habitaram; porque nunca fizeram assim os filhos de
Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui
grande alegria” (Verso 16)
Todo o povo participou alegremente da festa desde sua
preparação conforme as ordenanças da lei. Imaginemos uma paisagem contrastante
entre a vida estabelecida e a vida nômade, lembrando a peregrinação no
deserto. Esdras, Neemias e os levitas instaram o povo a alegrar-se quando disseram: “... a
alegria do Senhor é a vossa força” (Neemias 8:10) E nessa alegria o povo
festejava.
“Dia após dia leu Esdras no livro da lei de Deus, desde o
primeiro dia até ao último; e celebraram a festa por sete dias; no oitavo dia
houve uma assembleia solene, segundo o prescrito” (Verso 18)
Durante todo o período de realização da festa, sete dias, o
escriba Esdras leu a lei de Deus para o povo – um verdadeiro congresso bíblico.
Essa festa proporcionou uma comunhão entre o povo, o
reconhecimento da provisão e do cuidado de Deus, a lembrança da peregrinação no deserto, a alegria de festejar e a oportunidade de ouvir a leitura da
lei de Deus, fortalecendo toda a nação de Israel.
O que nós, hoje, podemos aprender com essa narrativa bíblica?
1º – Sete dias habitando em cabanas.
Um breve período. A
bíblia diz que “acabam-se os nossos anos como um breve pensamento” (3) e que
“tudo passa rapidamente, e nós voamos” (4);
2º – A cabana era uma habitação provisória.
Abraão, o nosso pai
na fé, viveu como peregrino, pois aguardava morar na cidade celestial,
construída por Deus e não pelos homens (5) O nosso corpo também é descrito na
bíblia como sendo uma morada terrena, provisória, que será substituída
por uma morada eterna, celestial (6);
3º – Lembrança da peregrinação do povo de Israel no deserto.
O povo de Israel permaneceu por quarenta anos no deserto, mas o destino era a
terra prometida, Canaã. Nós também estamos de passagem por este mundo, e nosso destino final será outro (7), daí precisarmos pensar nas coisas lá do
céu (8);
4º – Havia muita alegria durante a festa nas cabanas.
Os que
conhecem e temem a Deus devem se alegrar (9). Os que buscam a
Deus recebem seu Espírito Santo e passam a ter alegria (10);
5º – Habitando em cabana, mas ouvindo a lei de
Deus.
Enquanto durava a festa o povo não deixou de ouvir a leitura da
lei de Deus. A habitação em cabana era provisória, pois durava apenas sete
dias, mesmo assim não houve negligência quanto às ordenanças de Deus. O tempo
da nossa vida terrena é muito breve, e precisamos diariamente da
orientação e do cuidado de Deus.
Eu estou vivendo, provisoriamente, em uma cabana feita no telhado, mas aguardo ansiosamente a habitação permanente junto a Deus, na eternidade! E você, também?
A Deus toda a glória!
JSF
Citações da Bíblia Tradução Almeida Revista e Atualizada no
Brasil
1 – Êxodo 34:22; 2 – Levítico 23:43; 3 – Salmo 90:9; 4 –
Salmo 90:10; 5 – Hebreus 11:8–10; 6 – II Coríntios 5: 1 e 2; 7 – Hebreus 13:14;
8 – Colossenses 3: 1–4; 9 – Filipenses 4:4; 10 – Gálatas 5:22