quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017


  



A IGREJA QUE DEUS QUER
  
A igreja de Jesus Cristo foi constituída no Dia de Pentecostes em Jerusalém, quando cento e vinte pessoas que estavam reunidas no cenáculo foram batizadas individualmente com o Espírito Santo, em cumprimento à promessa de Jesus “Vós sereis batizados com o Espírito Santo”. (Atos 1:5) John Stott (1), em seu livro A Igreja Autêntica (2), “desvenda a sabedoria bíblica e a torna prática para todos os que enfrentam os desafios de ser e viver nas igrejas dos nossos dias”. Atualmente muitos cristãos decidiram abandonar a comunhão com seus irmãos e não mais vivenciarem o ambiente de uma igreja enquanto instituição ou organização religiosa, são os chamados ‘desigrejados’. A Bíblia não menciona essa nova categoria de crentes, mas faz referência, uma única vez, àqueles que se afastam da comunhão com seus irmãos: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns”. (Hebreus 10:25)  Mesmo quando nos decepcionamos com a instituição denominada igreja, seja ela A, B ou C, não devemos abandonar a verdadeira igreja de Cristo, que é um organismo espiritual unificado, semelhante a um corpo e tendo Ele, Cristo, como o cabeça desse corpo.
Participar da igreja de Jesus Cristo é um privilégio indescritível, uma dádiva inigualável se comparada a qualquer outro benefício ou conquista que o ser humano possa desfrutar neste mundo. O nosso comprometimento não é só com a pessoa de Jesus Cristo, mas também com a sua igreja. A igreja é a realização de um propósito eterno de Deus; é o cumprimento histórico desse propósito. Deus não quer apenas salvar indivíduos, mas quer edificar a sua igreja  “E purificar para si mesmo um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras”. (Tito 2:14)
Vejamos três importantes funções da igreja de Jesus Cristo:

1 – É o corpo espiritual de Cristo na Terra.
O apóstolo São Paulo diz que a igreja é o corpo e a plenitude de Jesus Cristo (3), referindo-se à união espiritual de Cristo, sendo Ele o Cabeça, ao Seu corpo – a igreja. Jesus Cristo é, também, a plenitude dessa igreja, pois é a expressão plena de Deus Pai. 

2 – É a agência reveladora do Evangelho para o mundo espiritual.
E o mesmo apóstolo desvenda aos homens e ao mundo espiritual “O evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”(4) Sua tarefa era compartilhar essa grande verdade ao mundo visível e ao mundo invisível dos “principados e potestades”(5)

3 – É a noiva de Cristo.
O casamento judeu do tempo do apóstolo Paulo realizava-se em duas cerimônias distintas, o noivado e a cerimônia nupcial, que oficializava o casamento. Entre as duas cerimônias decorria um ano, tempo no qual a noiva já era considerada legalmente a esposa do noivo, embora permanecesse virgem. Daí o apóstolo referir-se à igreja como virgem pura, que será apresentada ao esposo celestial Jesus Cristo, na cerimônia nupcial quando o casamento será consumado. (6)   
A igreja primitiva, narrada em Atos, capítulo 2, versos 42 a 47 nos dá uma visão da igreja que Deus quer: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos, e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa, e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. As marcas dessa Igreja eram: perseverança na comunhão, no partir do pão, nas orações, no templo; celebravam a Ceia do Senhor; tomavam suas refeições com alegria e singeleza de coração; louvavam a Deus. Apesar das imperfeições e limitações dessa Igreja, eram dirigidos por Deus através do Espírito Santo. A igreja que Deus quer deve fundamentar-se na Palavra de Deus e ser dirigida pelo Espírito Santo. A UNESCO publicou um relatório (7) focando a educação no Século XXI e cita no relatório ‘Os quatro pilares da educação’, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Os quatro pilares da educação citados nesse relatório, e a visão de Deus para sua Igreja, segundo Stott (8) , coincidência ou não, mencionam as quatro características distintivas da Igreja primitiva, que a tornaram a igreja que Deus quer.

Primeira característica – Uma igreja que aprende.

“Perseveravam na doutrina dos apóstolos...” (Atos 2:42) Outras traduções dizem “continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos” (9), “se dedicavam ao ensino dos apóstolos” (10) Após a conversão, os primeiros crentes eram cheios do Espírito Santo, e se reuniam para ouvir o ensinamento dos apóstolos. Não há incompatibilidade entre ser cheio do Espírito Santo e precisar obter conhecimento da doutrina bíblica. O Espírito Santo é o “Espírito da verdade” (11) Os crentes da igreja primitiva reconheciam a autoridade dos apóstolos, daqueles que estiveram com Cristo e o viram após Sua ressurreição. Daí acatarem essa doutrina. Hoje muitos se intitulam apóstolos, mas não possuem a autoridade dos apóstolos mencionados na Palavra de Deus.

Segunda característica – Uma igreja que compartilha.

“Perseveravam ... na comunhão, no partir do pão...” (Atos 2:42)  A palavra comunhão, do grego koinonia, significa compartilhamento e companheirismo. Era notório na Igreja primitiva o amor demonstrado por eles, partilhando seus bens com quem tinha necessidade e participando juntos das refeições. Não eram todos os que vendiam suas propriedades, pois no verso 46 lemos que “...partiam pão de casa em casa...”. Precisamos aprender a viver juntos, sendo generosos uns para com os outros. Deus foi generoso quando deu seu Filho unigênito Jesus Cristo para morrer por nossos pecados.

Terceira característica – Uma igreja que adora e ora.

“Perseveravam ... no partir do pão e nas orações”. (Atos 2:42) “...louvando a Deus...”. (Atos 2:47) No livro de Atos, o termo ‘partir o pão’, empregado por Lucas, seu autor, refere-se à Ceia do Senhor e não somente a uma refeição comum. Os crentes da Igreja primitiva oravam e louvavam a Deus, tanto no templo quanto nas casas. A oração era feita no templo (12) e nas casas (13) A adoração formal no templo e a informal também deve acontecer em nossos dias. Ser igreja de Jesus Cristo é adorar a Deus!

Quarta característica – Uma igreja que evangeliza.

“... e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. (Atos 2:47) A igreja, ekklesia, no grego, significa ‘os chamados para fora’. É chamada para fora do mundo para pertencer a Deus e, depois, enviada a esse mesmo mundo para testemunhar e servir. O verso 42 descreve aspectos internos da Igreja, e o verso 47 aspectos externos. A igreja perseverava em fazer o que os apóstolos ensinavam, e isso agradava a Deus. A vida em comum, o testemunho diário de cada um, os sinais e prodígios que aconteciam, eram suficientes para despertar a simpatia do povo em derredor. Eles faziam a lição de casa e o Senhor (Jesus Cristo) acrescentava-lhes os que iam se salvando, autenticando o que faziam como igreja.

Palavras finais

A igreja de Jesus Cristo tem crescido no mundo, principalmente na África, Ásia e América Latina. No Brasil, já somos mais de 40 milhões. Entretanto, esse crescimento quantitativo não significa crescimento em profundidade na Palavra de Deus e no relacionamento com Ele. Extremistas islâmicos estão matando cristãos em alguns países, e alguns desses executores justificam seus atos alegando que os cristãos não fazem nada por eles. A igreja de Cristo no Século XXI, salvo raras exceções, não está sendo a Igreja que Deus quer. Esta igreja deve espelhar-se em Atos 2 (Leia todo o capítulo) para ser uma igreja que aprende a Palavra de Deus e a pratica; uma igreja cujos membros vivem em comunhão de amor e compartilham seus bens; uma igreja que adora a Deus com temor, cultuando, orando, celebrando e louvando com alegria; e, acima de tudo, uma igreja que evangeliza através do testemunho de vida dos seus integrantes e da pregação bíblica nos seus púlpitos.
“Não precisamos esperar que o Espírito Santo venha, pois ele veio no Dia de Pentecostes e nunca deixou a Igreja. De fato, em certo sentido o dia de Pentecostes não pode repetir-se, assim como o Natal, a Sexta-Feira da Paixão, a Páscoa e o Dia da Ascensão não se repetem, pois Jesus nasceu uma vez, morreu uma vez, ressuscitou uma vez, ascendeu uma vez e enviou o Espírito Santo uma vez. Mas o que precisamos fazer é nos humilhar diante de Deus e buscar a plenitude, a orientação e o poder do Espírito Santo, pois então nossas igrejas vão pelo menos se aproximar das características essenciais de uma igreja viva na doutrina apostólica, na comunhão de amor, na adoração alegre e no evangelismo contínuo, voltado para os de fora”. (John Stott) (14)
Esta é a igreja que Deus quer! Façamos parte dela.

A Deus toda glória!

JSF

Citações da Bíblia Tradução de Almeida Revista e Atualizada no Brasil

  1 - John Stott, pastor anglicano, teólogo, escritor e evangelista inglês.
  2 - A Igreja Autêntica, John Stott, 1. ed., Viçosa, MG, Editora Ultimato; São Paulo, ABU Editora, 2013.
  3 - Efésios 1:23
  4 - Efésios 3:8
  5 - Efésios 3:10
  6 - II Coríntios 11:2
  7 - Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI.
  8 - A Igreja Autêntica, John Stott, capítulo 1.
  9 - Nova Tradução na Linguagem de Hoje, SBB.
10 - Nova Versão Internacional,SBI.
11 - João 16:13
12 - Atos 2:46
13 - Atos 4:24-31
14 - A Igreja Autêntica, John Stott, p. 31






















quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017


QUEM SOU EU?

Três perguntas inquietam os filósofos e os inquiridores de todas as épocas: quem somos, de onde viemos e para onde vamos? A antropologia, ciência que estuda o homem, busca uma reposta quanto à origem do mesmo. Entretanto, as ciências ignoram o que a Bíblia diz sobre o homem, a começar por sua origem. As ciências veem o homem como um animal racional que vive em sociedade; termo esse não citado pela Bíblia. A antropologia como ciência humana deve ser vista sob duas perspectivas, a científica e a bíblico-teológica. Para esta última o homem é um ser criado por Deus, possuidor de características que o tornam semelhante ao seu Criador; já a ciência não vê propósito algum na existência humana.
Diz a Bíblia que o propósito da criação do homem foi para a glória de Deus.“Tudo foi criado por meio dele e para ele”(Colossenses 1:16) O que há de comum nas antropologias científica e bíblico-teológica é que ambas procuram entender quem é o homem e o que ele faz? A antropologia científica vai recorrer à biologia, que estuda a genética do homem, comparando-o às demais espécies animais; à psicologia, que estuda sua conduta relacional; e à sociologia, que estuda sua história, seu desenvolvimento cultural, tecnológico e social. A antropologia bíblico-teológica vai estudar o homem segundo a revelação bíblica, não apenas como ser humano, mas como um ser eterno criado conforme a imagem e semelhança de Deus. (1) As ciências não devem ser menosprezadas por causa dos pressupostos que sustentam, mas existe uma grande discordância entre as ciências e a revelação bíblica quanto à origem e queda do homem; são divergências resultantes por questões de razão e fé. A ciência tem muitas teorias que tentam explicar a origem do homem sobre a terra, todas elas ainda não comprovadas. A mais conhecida delas é a Teoria da Evolução, de Charles Darwin, divulgada através de sua obra ‘A Origem das Espécies’. Na sua época os adeptos dessa teoria afirmavam em alto e bom som que o homem era proveniente do macaco. Muito antes de Darwin a Bíblia já dizia que “Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos homens, outra a dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes”. (I Coríntios 15:39)
Diz a Bíblia que o homem é formado do pó da terra (2) sendo, portanto, proveniente da criação divina e não fruto da evolução. O Dr. Marcos Eberlin (3) afirma que “Precisamos mais fé para crer nessas teorias do que na Bíblia”. A Bíblia contém a revelação de Deus para o homem e não foi escrita com um propósito científico, mas espiritual, a fim de mostrar o plano de Deus para a salvação do homem caído. O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus para poder relacionar-se com seu Criador; foi criado um pouco menor que os anjos para que tivesse domínio sobre toda a criação debaixo dos céus. (4) Mesmo assim, o homem é pecador e vai morrer. “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram”. (Romanos 5:12) Todos os homens, sem exceção, são pecadores. “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”. (Romanos 3:23) Daí a necessidade de crermos e aceitarmos o plano de Deus para nossa salvação através de Jesus Cristo, seu Filho.

A revelação bíblica nos esclarece quem somos em Jesus Cristo:

1 – Somos vivos espiritualmente, mesmo sabendo que vamos morrer um dia.
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”.(Efésios 2:1)

2 – Somos salvos pela graça.
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. (Efésios 2:8)

3 – Somos abençoados.
“Bendito o Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo”. (Efésios 1:3)

4 – Temos a redenção pelo seu sangue.
“No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça". (Efésios 1:7)

5 – Temos a remissão dos pecados.
“...a remissão dos pecados...”. (Efésios 1:7)

6 – Fomos selados com o Espírito Santo (selo como símbolo de propriedade).
“...tendo nele também crido, fostes selados com o santo Espírito da promessa". (Efésios 1:13)

7 – Somos mais que vencedores. 
“...somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Romanos 8:37)

8 – Somos herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo.
"Ora, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo: se com ele sofrermos, para que também com ele sejamos glorificados". (Romanos 8:17)

9 – Somos de Deus!
“Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no maligno”. (I João 5:19)

Eu e você não somos frutos da evolução, mas de uma criação com propósito. E o mais fascinante é que quando aceitamos a Jesus Cristo como o Filho de Deus, que morreu por nossos pecados e nos redimiu com seu sangue, temos restaurada nossa comunhão com o Criador e obtemos todas essas benesses incomparáveis que nos atestam quem de fato somos.

A Deus toda glória!

JSF

Citações da Bíblia Tradução de Almeida Revista e Atualizada no Brasil

1 - Gênesis 1:26; 2 - Gênesis 2:7; 3 - Cientista cristão, criacionista; 4 - Hebreus 2:7